Você já riscou um fósforo hoje?
Talvez pra acender uma vela, talvez pra esquentar um café no fogão. É um gesto tão comum que a gente nem pensa. Mas por trás desse simples estalo de fogo existe uma história maluca, cheia de alquimia, explosões, mistérios orientais, urinas (você já vai entender), guerras, e claro, uma boa dose de genialidade (com um toque de cheiro ruim também).
Então se prepara, porque o fósforo não surgiu da noite pro dia. E sim, teve gente que literalmente mijou em baldes pra descobrir essa maravilha.
O alquimista que queria ouro (e achou fogo)
Vamos começar lá no século XVII com Henning Brand, um alquimista alemão. Ele, como todo alquimista, estava obcecado em encontrar a Pedra Filosofal, aquela que supostamente transformaria qualquer coisa em ouro. Numa dessas experiências, ele resolveu destilar um líquido bem inusitado: urina. Isso mesmo. Vários baldes de xixi de soldados alemães que ele coletou.

A ideia dele era achar ouro líquido. O resultado? Um grude branco que brilhava no escuro e pegava fogo. Nada de ouro. Mas Brand havia acabado de descobrir um novo elemento químico: o fósforo. Nome chique, vindo do grego phosphoros — “aquele que traz a luz”. E trouxe mesmo.

Detalhe curioso: naquela época, o fósforo valia mais que ouro, de tão raro e misterioso que era. Vai entender, né?
A corrida da ciência e o fogo instável
Henning Brand tentou manter o segredo da sua descoberta, mas não deu certo. Cientistas como Robert Boyle, um dos pais da química moderna, descobriram o mesmo processo por conta própria. E depois veio o sueco Carl Scheele, que conseguiu uma forma mais eficiente de produzir o fósforo. Agora dava pra fabricar em maior escala.

Mas calma lá, ainda não era o fósforo que você conhece. Os primeiros modelos eram perigosos. Em 1680, Boyle já conseguia gerar fogo esfregando fósforo com enxofre contra madeira. Só que era instável, explosivo e altamente tóxico.
Mais de cem anos depois, em 1827, um farmacêutico inglês chamado John Walker (não, não é o Agente Americano da Marvel) deu o grande passo. Ele misturou sulfeto de antimônio, clorato de potássio, cola e amido na ponta de um palito de madeira. Bastava riscar numa superfície áspera e… fogo! Nascia o fósforo por atrito.

Walker o chamou de Congreves, em homenagem a foguetes de guerra. Mas o mais incrível? Ele não patenteou. Queria que sua invenção fosse usada por todos. Um verdadeiro altruísta do fogo.
O diabo nos detalhes
Só que onde tem oportunidade, tem gente esperta. Um empresário chamado Samuel Jones pegou a invenção de Walker e começou a vender os palitos com um nome ousado: Lucifers. Sim, em referência ao diabo. Por quê? Porque eles acendiam com facilidade, cheiravam mal e às vezes explodiam.
Mesmo assim, os Lucifers viraram febre, principalmente entre os fumantes. O fósforo virou sinônimo de status. Chegava a ser guardado em estojos de ouro ou prata, como se fossem joias.
Mas e a China?
Agora uma pausa na Europa e um salto no tempo. Porque, veja bem, os chineses já estavam mexendo com substâncias inflamáveis muito antes. Eles criaram a pólvora, misturando enxofre, carvão e salitre — tudo isso por volta do século IX. E há registros de que durante o ano 577, mulheres da corte do Reino de Qi do Norte usaram misturas inflamáveis como fósforos improvisados, durante um cerco militar.
Ou seja: a ideia de acender fogo com química não era exatamente nova no Ocidente. Só que na China, a coisa era mais instintiva e voltada pra fins militares e religiosos. Já na Europa, virou ciência industrial.
O fósforo brasileiro
E o Brasil, entra nessa história quando?
Chega com força em 1913, com a inauguração da primeira fábrica de fósforos em Curitiba. E mais: durante o século XX, o Brasil se tornou um dos maiores produtores mundiais do produto. A empresa Fiat Lux virou tão popular que seu nome virou sinônimo de palito de fósforo — tipo o “Bombril” do fogo.
Fósforo moderno: agora é seguro
Lembra que os fósforos de Walker e Jones eram perigosos? Pois é. Em 1855, o sueco Johan Edvard Lundström teve uma sacada genial: tirou o fósforo da ponta do palito e colocou na lixa da caixinha. Aí sim surgiu o fósforo de segurança — o que usamos até hoje (que eu sei que você já tentou riscar na parede porque viu num desenho animado ou num filme).

Agora, a cabeça do palito leva clorato de potássio e parafina. A lixa carrega fósforo vermelho, areia e pó de vidro. Ao riscar, a faísca gerada inflama tudo e voilà! Chama por uns 10 segundos.
Ah, e antes que você pergunte: já tentaram inventar fósforos “eternos”, que não se apagam. Mas todos os modelos testados até hoje são venenosos, difíceis de acender ou simplesmente impraticáveis.
E sobre o Palito de Fósforo? Quem inventou?
Bom, vamos pensar quem fez o palito de fósforo como conhecemos hoje. Que com toda a história que teve, seria o senhor John Walker, sem dúvidas. Ele deu o ponta pé inicial e foi humilde em nem patentear sua invenção, o que abriu alas para outros inventores tomarem posse e ainda inventar mais funcionalidades para esse dispositivo.
QUEM? John Walker
QUANDO? 1827
ONDE? Inglaterra
Muito obrigado por acompanhar mais uma história aqui do blog! Se curtiu esse post, compartilha com alguém que vive riscando fósforo e não fazia ideia dessa história maluca. E já sabe: toda vez que uma faísca surgir, lembra que ela carrega séculos de ciência e um tantinho de alquimia. Quer saber quem inventou o papel, que é uma invenção tão importante quanto a roda? Só clicar aqui que você já vai saber tudo por trás dessa invenção! E você sabia que um brasileiro teve papel fundamental na história do Rádio? Esse você acompanha aqui. Valeu! 🙂
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fontes :
https://ibrachina.com.br/invencoes-chinesas-palito-de-fosforo/
https://www.invivo.fiocruz.br/historia/brincando-com-fogo/
https://quelegal.wordpress.com/2016/06/26/conheca-a-historia-por-tras-de-um-simples-palito-de-fosforo/